Portugués
 
Traducción al portugués por Antonio Miranda (Brasil)
 

 

 

MANTELES / TOALHAS DE MESA

 

Perdida

no abismo de teus olhos

que perguntam

descarados

pelo pão pelo vestido

por essa mãe ausente

cujo nome não sabe

desabo pela cavidade

tobogã de tuas tripas

que cantam

sua orquestra visceral

onde a fome se serve

em toalhas de luto.

 

 

 

MONDONGO

 

Ferve a panela

sua esquálida miséria

ao tocar fundo

am áspero silvo

 

descalço o porvir

apressa sua cobiça

que desde o bafo cúmplice

desnuca o paladar

 

Hoje haverá jantar

debaixo do teto de zinco

 

catorze olhos sussurram

por resguardar o sabor

para seus sonhos

 

um guisado de mondongo

acenderá luz à  noite

 

envergonhado

vai se esconder o poema

junto ao garfo

 

(mondongo é um prato barato parecido com a buchada portuguesa)

 

 

 

FRIDA

 

Frida

essa mulher que olha

pelos orifícios de seu ventre

enroscando suas veias / cicatrizes

onde aquietar sua fúria sobre telas

 

escrava de paixões / de punhais

que retratada-atada-está

entre girassóis

 

que cospe e reclama

perante injustiças

desde seu berço-cama-dura-quieta

recortada em pedaços

sua coluna.

 

Frida

a dos pregos  / apregoa

retorcida cadeira imóvil

entre pássaros-pincéis

revoluciona tempos

agitada de amor

por seu Rivera.

 

 

© Silsh

 
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